quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Porto da Lagoa: comunidade continua a usar campo do Palmeirinha, mesmo em estado precário.



Garotos do Porto da Lagoa usam pequeno espaço para treinar jogadas

imgAlessandra Oliveira
@Alessandra_ND
FLORIANÓPOLIS
Joyce Giotti/ND
Palmeirinha Campo Porto da Lagoa Florianópolis
Área agora está abandonada
A torcida se calou. O público que ficava ao redor do campo do Clube Palmeiras, o Palmeirinha, no Porto da Lagoa já não comparece mais. No entanto, a vontade de jogar bola persiste entre os moradores da localidade, como o estudante Rodrigo Machado, 16 anos. Na parte do terreno que não foi inutilizada pelas máquinas o rapaz treina os passes que um dia pretende exibir como jogador de futebol profissional. Enquanto a situação do campo não é resolvida, os garotos do bairro fazem o que podem para praticar o esporte que por mais de 50 anos arrancou gritos de quem assistia a as redes balançarem no Palmeirinha.
Rodrigo Machado controla a força do chute para que a bola não se distancie muito do espaço restrito onde joga futebol. Somente 10% do campo não receberam pedras ou buracos, que provocaram a evasão do local por impossibilidade de uso. “Mesmo que jogue com tênis corro o risco de me machucar nas britas”, detalha Rodrigo. Para treinar em um espaço maior, o futuro atleta divide com amigos a locação de um campinho no bairro Campeche. “Jogo aqui desde os sete anos. Acredito que este lugar será nosso novamente. O futebol agradece”, afirmou, entre um passe e outro.  Juan Diego Castro, 16, dividiu com outros quatro garotos, e com Rodrigo o que restou do campo, na tarde de domingo, 22. “Insistimos em jogar porque amamos a bola”, garante o estudante que ao recuperar o fôlego volta ao gramado.
O presidente da Associação de Moradores do Porto da Lagoa, Luciano Pereira lamenta a demora para a resolução do impasse. A prefeitura teria pagado R$ 291 mil de indenização pela desapropriação aos proprietários do terreno, mas a Justiça desfez o negócio por entender que a quantia estava muito abaixo do valor venal da área, de oito mil metros quadrados. “A comunidade não tem outro espaço de lazer. Mais de 350 crianças perderam a oportunidade de jogar futebol”, lamentou Pereir, ao recordar dos meninos que treinavam no local, onde entulho, mato, pedras e lixo se acumulam. Seringas, possivelmente utilizadas por usuários de drogas, são encontradas no espaço que aos poucos perde a vida e os sons contagiantes de outrora.  
Entenda o caso:
-O campo da Palmeirinha foi desativado no dia 10 de abril, em cumprimento a uma ordem judicial que devolvia o terreno à família de Walnei Medeiros. Neste dia, um oficial de Justiça acompanhado de policiais militares, garantiu a reintegração de posse e a demolição das construções no local. A ação resultou de um processo iniciado em 1987, quando Walnei ingressou na Justiça para retomar a posse do terreno.
-Na manhã e noite do dia 11 de abril moradores do bairro se uniram em protesto contra a destruição do campo; e bloquearam a passagem de veículos pela avenida Osni Ortiga ao atearem fogo em pneus velhos e madeiras.
-No dia 12 a Prefeitura de Florianópolis entrou no caso. O prefeito da Capital, Dario Berger, solicitou avaliação da área para tentar um acordo com os proprietários; e no dia 3 de maio, declarou o campo como área de utilidade pública.
-Os representantes da Associação Porto da Lagoa argumentam que o campo era utilizado pela comunidade há 50 anos. Já o advogado de Walnei apresentou três escrituras públicas da área, aceitas pela Justiça como prova há 15 anos, mas houve recursos e a reintegração de posse só ocorreu no dia 10 de abril.
Publicado em 23/07-09:05 por: Alessandra Oliveira. 
Atualizado em 09/08-10:46